BETE DA VETERINÁRIA… por Célia Bergamasco
Bete da veterinária…
Elizabeth Gomes de Souza… estou procurando essa louca querida desde o começo dessa empreitada cruspiana. Louca porque? Por tentar transformar uma anarquista nata em comunista. Morava (clandestina) com ela no 610 D e como pagamento pela acolhida, tinha que estudar toda noite, um jornal de um tal de Posadas(?) da Quarta Internacional. Eu lia aquilo tudo como se estivesse lendo em outra língua. Nada daquilo ficou na minha memória… O que realmente aprendi com ela, foi dividir minhas coisas burguesas, como sapatos, roupas e acessórios. A Beth foi uma ótima professora, me dava exemplos práticos; acabou com todos meus sapatos (pois pisava torto) e eu acabei com um “Bamba” turquesa comprado no Bazar 13.
Vinda de um Colégio Interno(14 anos), o CRUSP foi tudo que eu precisava na vida, para crescer. Já sabia o que era viver em comunidade e já sabia fazer política; mas lá aprendi que existia política estudantil e que podia ler outras coisas em vez de ler livros de etiqueta. Na verdade, a unica coisa que li na época foi “a história da riqueza do homem” . Tinha tanta coisa que eu queria fazer.
Naquele tempo,” o mundo era uma festa e eu podia tudo”.
Podia viajar de carona, dormir na hora que quisesse (desde que estudasse o Posadas), ir ou não ir às aulas, passar o dia e a “noite” na piscina, gastar todo o dinheiro no bar e ter que repartir o bandejão com alguém no fim do mês…
Podia também participar de todas as passeatas, jogar bolinhas de gude na cavalaria, estar na Maria Antonia quando um estudante foi morto, ajudar meu primo Carlos (centrinho da pedagogia) em pichações, comícios relâmpagos, panfletagem e a fazer Molotov.
Pois bem, cresci um bocado lá, saí com uma bagagem intelectual e emocional muito maior do que quando cheguei.
Saí também com um marido fantástico (quem disse que politeco é bitolado?) e que me aguenta até hoje, como uma anarquista que sou.
Quero agradecer a todos vocês CRUSPIANOS, que direta ou indiretamente, contribuíram para que eu seja o que sou.
Muita vida, muito amor e muito riso a todos vocês.
Célia Bergamasco
dezembro 10, 2010 às 11:35 am |
Célia
Eu também gostaria de saber notícias dela.
Pois ela foi muito minha amiga, até bem depois do CRUSP.
Eu sei que ela foi trabalhar no Inst. Butantã. Eu não sei se você já a procurou por lá.
E também procuro por outros colegas, como a Terezinha Farias, Yole, etc.
Aguardo retorno,
Iracema